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Por que nos comunicamos tão mal?

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Isso não parece um contrassenso?  Afinal, o que mais fazemos na vida é nos comunicarmos. Fazemos isso a toda hora, em casa, na rua, no trabalho, no restaurante, nas lojas, no avião, no estrangeiro, ao telefone, na internet em suas diversas formas…

Comunicamo-nos desde antes de saber falar, ainda com grunhidos e sons ininteligíveis, gramaticalmente falando. Praticamente só nossas mães nos entendiam nessa época. E nem sempre.

Em outras palavras, nós praticamos a comunicação desde muito cedo na vida. Mas – volto à pergunta – por que fazemos isso tão mal?

Talvez você não concorde comigo. Talvez ache que você, particularmente, se comunica bem, talvez muito bem, talvez excelentemente…

Será?

Pense, por um minuto: quantas vezes você já discutiu com alguém? Quantas vezes você falou alguma coisa para alguém, e esse alguém não te entendeu? Quantas vezes alguém falou algo para você, e você não entendeu completamente? Sim, quando alguém fala conosco e não entendemos, isso também é nos comunicarmos mal, pois entender uma mensagem é tão importante quanto enviar uma mensagem e nos fazermos entender.

Estou certo de que você respondeu à pergunta anterior com algo do tipo “sim, já aconteceu, mas foram poucas vezes”.

Será?

A maioria das vezes que isso acontece, não percebemos, por vários motivos. Ou porque percebemos na hora e já refraseamos uma ou várias vezes até que o outro entenda. Ou o outro acha que entendeu (mas não entendeu) e diz que entendeu e você se contenta com isso. Ou o outro não está muito interessado e finge que entendeu para não prolongar a conversa com você. Ou porque a conversa tem um tempo limitado (uma reunião, p. ex.) e seu interlocutor, que não te entendeu na hora, vai tirar as dúvidas com você num outro momento. Ou porque você não conhece o código da comunicação direito (uma língua estrangeira que você não é fluente, p.ex.) e diz uma coisa quando quer dizer outra. E outros muitos motivos além desses…

Em todas essas situações, a impressão que você tem é de que sua comunicação foi eficaz. Mas não foi. Em todas elas, quando a situação é pacífica, a conversa é harmoniosa, a relação entre você e o outro tem objetivos em comum, ou pelo menos alinhados, a falta da boa comunicação pode ser amenizada ou suprimida de formas leves, que como eu disse antes, acontecem quase naturalmente e dão a impressão de que a comunicação foi boa.

No entanto, quando a interação entre você e o outro é antagônica, ou é agressiva, ou tem objetivos opostos (como numa discussão importante com pontos de vista diferentes ou em uma negociação), a falta da boa comunicação passa a ser grave.

Ela não apenas pode piorar a situação que já estava ruim, como pode impedir um lado (que pode ser o seu) ou ambos de conseguirem seus objetivos. Nos piores casos, pode até levar a conversa a se tornar uma desavença brutal entre as partes. Vejam casos de separações de casais que viram brigas e disputas enormes por qualquer coisinha, temperadas com raiva e vingança. Vejam amigos de longa data que de repente brigam e não conversam nunca mais. Ou sócios. No pior dos piores, pode terminar em morte, ou na tentativa dela.

Você acha que eu estou exagerando? Provavelmente sim, né?! Talvez seja difícil para você acreditar no que eu vou dizer, mas muitos desses casos poderiam ter sido evitados, ou pelo menos diminuído suas consequências ruins, com uma comunicação eficiente das pessoas envolvidas.

Negócios poderiam ter sido feitos ou não terminados. Casais poderiam estar ainda juntos ou pelo menos separados em paz. Amigos poderiam ainda tomar uma cerveja juntos e se divertirem ou se ajudarem.

As pessoas têm a impressão de que se comunicam bem apenas porque se comunicam, mas não é bem assim! Portanto, não se engane, você pode melhorar muito sua comunicação interpessoal, porque você não é tão bom assim nisso quanto pensa.

Pensa nisso!

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